Time IN the Market - o tempo é o melhor aliado do investidor
A melhor altura para plantar uma árvore foi há 20 anos. A segunda melhor altura é agora.
O mais importante no investimento - para ter retornos consistentes com risco limitado - é o tempo que estamos investidos (time in the market). Já que adivinhar estar dentro ou fora de mercado (market timing) não é possível - e nem sequer é necessário - para ter sucesso. Vejamos o exemplo:
Valor de um investimento de 10.000 euros começando com 20, 30 e 40 anos
Este gráfico ilustra o poder dos retornos compostos e como, a partir de alguns anos, ganha momentum. O diferencial de valor acumulado no final do período (para ilustração, selecionamos os 70 anos de idade como final do investimento) é abismal para diferentes idades de realização do investimento:
- Um investidor que tenha aplicado 10 mil euros aos 20 anos com rendimento líquido anual de 9,8% (idêntico ao retorno do S&P entre 1927 e 2019), teria ao fim de 50 anos 1.071.808 euros.
- Um investidor que faça o investimento aos 30 anos, conseguiria alcançar cerca de 421 mil euros com a idade de 70 anos (cerca de 39% do valor do investidor mais precoce).
- Um investidor que decida investir aos 40 anos, conseguirá alcançar cerca de 165 mil euros, ou seja, 15% do valor do investidor que tenha tomada a decisão de investir mais cedo. Iniciar o investimento 20 anos mais cedo permite atingir um património final quase 6 vezes superior.
O horizonte temporal permite, não só beneficiar plenamente deste fenómeno extraordinário que é o rendimento composto, mas faz também com que o momento em que se investe se torne menos relevante.
O gráfico seguinte mostra o rendimento anual (em termos reais, isto é, levando em conta a inflação) de um investimento no mercado de ações (S&P500) e em obrigações de curto prazo. Conforme é evidente, existem anos com rentabilidades muito positivas e anos com rentabilidades muito negativas. Se o horizonte temporal é curto, o investidor enfrenta uma "lotaria" e tanto poderá ter um retorno de 30% no espaço de um ano como estar a perder 20% ou 30% ao final de doze meses.
Retornos reais para períodos de 1 ano (1927-2020)
Salientamos que os investimentos em obrigações têm entre 1927 e 2020 muitos anos com rendimentos reais negativos (o que significa que a taxa de juro paga é inferior à taxa de inflação). Tal como hoje acontece, a taxa de juro obtida em obrigações de curto prazo ou em depósitos a prazo é inferior à inflação e faz com que os investidores percam poder de compra. Este é uma espécie de "imposto" escondido que, na nossa opinião, os investidores não precisam de pagar.
Retomando a análise do horizonte temporal, o caso muda radicalmente de figura à medida que se for alargando o horizonte temporal e período de detenção do investimento, conforme os gráficos seguintes:
Retornos reais para períodos de 20 anos (1927-2020)
Ao aumentar o horizonte temporal, o investidor reduz a importância de acertar no momento de mercado para investir. Na verdade, um investidor que ao longo dos últimos 93 anos tenha decidido investir no mercado de ações norte-americano (S&P500), desde que tenha permanecido investido por um horizonte temporal igual ou superior a 20 anos, terá tido sempre um retorno anual real positivo (e significativamente superior à alternativa de permanecer investido em títulos de dívida pública norte-americana, que, como podemos observar, mantém retornos negativos neste período).
Uma conclusão poderosa e que deveria ser retida por qualquer investidor é que o horizonte temporal é o maior determinante da rentabilidade futura de um investimento. As tentativas de acertar no momento de mercado, não só são fúteis e condenadas ao insucesso, como se tornam quase irrelevantes à medida que o horizonte temporal do investimento vai aumentando.