

Sorte versus Habilidade: Os grandes investidores sabem a diferença
Publicado originalmente no blog Enterprising Investor do CFA Institute em 21 de fevereiro de 2025
Os investidores atuam num mundo onde cada decisão tem peso. No entanto, um dos maiores riscos não se encontra nos dados de mercado ou nas previsões económicas — está no seu próprio julgamento. A tendência para confundir sorte com habilidade pode levar ao excesso de confiança quando os mercados sobem e à atribuição distorcida de responsabilidades nas quedas. O sucesso no investimento exige a capacidade de separar o processo do resultado, garantindo que as decisões são avaliadas pelo seu mérito, e não apenas pelos seus resultados.
Este é uma breve artigo que nos relembra a armadilha oculta que sabota as nossas decisões: os nossos egos.
Os nossos egos estão programados para cair na armadilha de confundir sorte e habilidade.
Suponha que decide conduzir embriagado e chega a casa em segurança. Esta foi uma má decisão com um bom desfecho.
Uma semana depois, após uma boa refeição a beber um bom vinho, pede a um amigo que o leve a casa. O seu amigo tem um acidente. Esta foi uma boa decisão com um mau desfecho.
Devido à aleatoriedade, os resultados não revelam muitas vezes a qualidade das decisões. Pior, podem induzir em erro. Num mundo em que não conseguimos prever grande parte do futuro, boas decisões podem levar a maus desfechos, e más decisões podem levar a bons desfechos. No mundo da gestão de investimentos, dizemos que há "aleatoriedade".
Para gerir isto, os investidores devem ser clínicos nas suas vitórias e derrotas.
Confundir Sorte e Habilidade no Mundo do Investimento
Este problema é agudo no mundo do investimento. Podemos ganhar dinheiro, pelo menos durante algum tempo, tomando decisões erradas, como manter uma carteira demasiado concentrada ou investir em modas passageiras. Se não examinarmos o nosso processo e a qualidade das nossas decisões, ou seja, se nos concentrarmos apenas nos resultados, podemos pensar que somos génios. Mas é improvável que tenhamos sucesso no longo prazo.
O excelente livro de Annie Duke, "Thinking in Bets", tornou-se leitura obrigatória no mundo do investimento. Duke é consultora de negócios e ex-jogadora profissional de póquer. Ela explica que associamos instintivamente bons resultados a boas decisões e maus resultados a más decisões. Ela chama a este instinto "resultadismo". Mas no póquer e em muitos aspetos da vida, "ganhar e perder são apenas sinais vagos da qualidade da decisão".
Diferenciar os Dois
Para ajudar a diferenciar os dois, devemos cultivar a autoconsciência. Concentrarmo-nos no processo de tomada de decisão, em vez dos resultados. Quando estivermos a ganhar, devemos manter em mente que a sorte pode ter desempenhado um papel. Isto é difícil. Todos temos este reflexo de querer assumir o crédito pelas nossas vitórias.
E se falharmos o objetivo, não nos devemos castigar em demasia. Será possível que mesmo que tenhamos tomado as decisões certas, tivemos azar? Isto é mais fácil de dizer a nós próprio.
Citando um dos meus mentores:
"Existem apenas dois tipos de investidores: os talentosos e os azarados."
Conclusão Chave
O sucesso no investimento não se trata de estar sempre certo – trata-se de promover um processo que dê prioridade à tomada de decisões sólidas em detrimento dos resultados de curto prazo. Ao reconhecer o papel do acaso e ao reforçar a disciplina analítica, os investidores podem construir estratégias e equipas mais resilientes. Num mundo financeiro imprevisível, os melhores investidores não perseguem apenas retornos, cultivam o julgamento e os processos que impulsionam o sucesso sustentável.