Está feio nos mercados
Artigo publicado a 24 de fevereiro de 2022 no blog The Irrelevant Investor por Michael Batnick
Está feio nos mercados
As ações estão a cair. Os principais índices estão oficialmente em território de correção.
Estas quedas não devem assustar os investidores e, na maioria das vezes, não o fazem. Poucas pessoas se preocupam com uma correção. A maioria das pessoas está preocupada com um bear market. "10% de queda eu aguento, 20% quero evitar."
Os números históricos devem ser considerados com um grão de sal, mas acho que podem ajudar a definir as expectativas de base. Assim, pedi a Nick Maggiulli que calculasse os números e, desde 1950, o S&P 500 caiu 10% dos máximos 25 vezes. Em doze ocasiões caiu mais de 20%. Basicamente, a probabilidade de uma correção se transformar num bear market é equivalente ao lançamento de uma moeda ao ar.
Vamos já passar aos dados, mas é importante realçar que a maioria dos investidores não tem todo o seu capital investido no S&P 500. E, de qualquer forma, os números não transmitem adequadamente o sofrimento sentido por alguns investidores. Vou então tentar explicar da seguinte forma:
Se começarmos com 100 dólares e o investimento cair 25%, temos 75%. Se cair mais 25%, ficamos com 56,25 dólares. Nesta altura, muitos investidores desistiriam. 100 dólares para 56 dólares é um golpe duro. No entanto, para aqueles suficientemente corajosos para manter o curso, a dor ainda não acabou. Após duas quedas de 25%, há uma queda final de 25%, deixando-nos com 42,19 dólares. E, finalmente, há mais uma queda de 8%, e restam 38,90 dólares. Esta é a sensação de sofrer uma queda de 61%, que é a dor que os investidores da ARKK estão a sentir agora.
Eis os detalhes:
Os índices ainda estão ok. Quer dizer, uma queda de 12% no S&P 500 é relativamente leve, especialmente após a subida que tivemos. Mas, como já escrevi muitas vezes, a dor não é distribuída uniformemente. Para os investidores de pequena capitalização, é absolutamente brutal. Uma em cada três ações do Russell 2000 foi reduzida a metade. Uma em cada dez caíram mais de 80% dos seus máximos.
Penso que as quedas desta vez fazem muito sentido. Em primeiro lugar, é fácil perder de vista o facto de que as ações tiveram uma subida extraordinária. Mesmo com esta queda, o S&P 500 subiu 16,7% ao ano, nos últimos três anos e 9,7% ao ano, nos cinco anos anteriores. Em segundo lugar, as taxas de juros são importantes. O custo de capital é tudo. Os investidores devem entrar em pânico se o dinheiro deixar de ser grátis para ser ridiculamente barato? Talvez seja uma reação exagerada, mas talvez não. Se o dinheiro grátis é o que levou as ações a 100 vezes as vendas, então sim, deixar de ser grátis importa.
Para além da mudança na narrativa, temos empresas cujas expetativas para 2022 são menos boas. E a guerra na Ucrânia também não está a ajudar as coisas. No final de contas, acho que as quedas foram bastante razoáveis.
Então, o que deve um investidor fazer? Quero partilhar os pensamentos de três dos meus investidores favoritos.
Ben Carlson afirma:
Quando os mercados caem, temos, na realidade, 3 opções sobre o que fazer com nosso portfólio:
- Fazer mais
- Fazer menos
- ou nada
Callie Cox é extremamente clara. Ela observa:
- Não precisamos de ser especialista em geopolítica para investir.
- Ou especialista no Fed.
- Ou na economia.
- Ou em avaliações de tecnologia.
- Ou commodities.
Apenas precisamos de metas e de um plano para as alcançar.
Finalmente, Charlie Munger afirmou:
"Se vamos investir em ações para o longo prazo ou em imóveis, é claro que vamos ter períodos de muita agonia e outros períodos em que temos um boom... E acho que apenas precisamos de aprender a aguentá-los."
Parece mau dizer que "isto é saudável", tendo em conta quantas pessoas estão a passar por uma quantidade significativa de dor, mas é assim que me sinto. 2020/2021 não foi normal. As ações subirem todos os dias não é saudável. Eliminar os excessos é.
Nunca é divertido quando as ações caem, mas este é o contrato que todos os investidores assinam. Sem quedas, não há subidas. Só temos que aprender a viver com isso.