A Melhor Carta de Sempre
Carta a Clientes do 1º Trimestre de 2021 (Excertos)
Aos nossos Clientes,
Braga, 23 de abril 2021
Se queremos ser bem-sucedidos nos negócios (na realidade, na vida), temos que criar mais do que consumimos. O nosso objetivo deverá ser criar valor para todos aqueles com quem interagimos.
Jeff Bezos, Carta aos Acionistas, abril 2021
O trabalho mais importante que fazemos para os nossos Clientes é ler, estudar empresas, os seus modelos de negócios, analisar os seus balanços e demonstrações financeiras e avaliar os seus gestores quanto ao que prometem e executam. Nesta nossa carta, partilhamos parte de uma leitura recente da que é já considerada a melhor carta de sempre dirigida aos acionistas: A Carta Anual aos Acionistas da Amazon, que pode ler na íntegra aqui.
De seguida, apresentamos o que de relevante aconteceu no trimestre para a nossa carteira e uma breve nota sobre o lançamento público do Fundo de Investimento Casa Global Value PPR.
O trimestre em revista - mercados e economia
No primeiro trimestre, os mercados acionistas tiveram valorizações significativas apesar de parte das economias estarem em recessão. Enquanto na Europa estivemos com regimes de confinamento apertados na maior parte dos países, nos EUA e na China o crescimento está a acontecer mais rapidamente do que o previsto, com os níveis do produto interno bruto a recuperar já para os níveis de 2019. A administração Biden aprovou um pacote de medidas de apoio de 1,9 triliões e anunciou um plano de infraestruturas de 2,3 triliões (este a ser investido ao longo de 8 anos, e comparticipado por aumento de impostos).
Os resultados das empresas estão também a recuperar muito mais rapidamente do que o esperado. Desde 1955, em períodos de recessão, as empresas americanas demoravam cerca de 3,5 anos a voltar a atingir o nível de lucros anterior. Nesta crise, o quarto trimestre de 2020 já foi marcado por um nível de resultados superior a 2019 e o primeiro trimestre de 2021 registou a maior revisão em alta das estimativas de resultados desde 2002, ano em que a Factset iniciou a compilação destas estatísticas.
Em dezembro de 2020, os analistas apontavam para um crescimento de 16% dos resultados no primeiro trimestre deste ano. Este número foi revisto três vezes para um crescimento de 24%. Ou seja, o mercado está a subir porque as empresas estão a ter lucros consideravelmente acima do esperado.
O facto de o programa de estímulos nos Estados Unidos ser tão elevado, tem motivado a discussão sobre um possível aumento da inflação e das taxas de juro de longo prazo. Numa coluna de opinião no Washington Post a 4 de fevereiro, Larry Summers, antigo secretário do tesouro norte americano, alerta para os riscos dos estímulos poderem sobreaquecer a economia e provocar pressões inflacionistas. As taxas de juro das obrigações a 10 anos subiram 83pb, para 1,74%. O facto da economia estar a recuperar da crise do ano passado, leva, naturalmente, à normalização da curva das taxas de juro. Não nos parece que uma taxa de 2% ou 3% afete substancialmente os resultados das empresas.
Esta subida foi responsável por alguma da volatilidade dos mercados acionistas neste trimestre, em particular dos títulos de empresas com grande crescimento, aqueles em que boa parte do valor estão nos lucros a longo prazo e que poderiam, por isso, ser mais sensíveis a uma subida das taxas de juro. Verificaram-se aliás correções em muitos destes títulos de 25 a 35% no espaço de 3 semanas.
A nossa preocupação não é prever o ciclo económico ou o ciclo de taxas de juro. A nossa preocupação é, percebendo o momento do ciclo em que estamos, investir numa carteira de títulos que possa ter um bom comportamento independentemente das flutuações que a economia possa registar e do nível das taxas de juro. A inflação não é, à partida, um problema para as empresas com balanços fortes, com grandes vantagens competitivas que conseguem passar a inflação nos preços que cobram e aumentam proporcionalmente os lucros.
Lançamento público do Fundo de Investimento Casa Global Value Ações PPR
Conforme referimos na nossa última Carta Anual a Clientes, iniciámos a 1 de outubro de 2020 a atividade do nosso primeiro Fundo - Casa Global Value PPR. Nos primeiros meses, a subscrição esteve reservada aos Clientes de gestão individual da CASA e às pessoas que há mais tempo aguardavam pela disponibilização deste produto. Recentemente, a 19 de março, comunicámos, aos primeiros Clientes do fundo, a possibilidade de atribuírem um convite de acesso à classe e estatuto Founders a uma pessoa das suas relações e, a 20 de março, lançámos uma campanha pública para identificação de mais interessados em ter acesso a um destes convites.
Na sequência destas ações, e passadas menos de 24h do arranque da campanha, tínhamos já ultrapassado os 1.000 pedidos de convite Founders, ou seja, já acima do número de lugares previstos para a classe inaugural nos documentos constitutivos do Fundo. O número de convites não parou de se avolumar nos dias seguintes. A procura superou de tal forma as nossas melhores expectativas que, já com mais de 2.000 pedidos registados e a consciência de que, para novos interessados seria uma miragem chegar a uma posição elegível, decidimos criar condições para acolher na classe Founders todas as pessoas que pedissem um convite até ao final da campanha. A 18 de abril, data em que a campanha terminou, a contagem registava um total de 2.630 pedidos.
Os resultados da campanha enchem-nos naturalmente de satisfação, mas valorizamos tanto ou mesmo mais as múltiplas mensagens de entusiasmo, desejo de pertença e incentivo que fomos recebendo ao longo das últimas semanas, que nos levam a acreditar ainda mais que o produto que lançámos e o seu propósito de ser um veículo para a conquista e preservação da independência financeira encontraram eco e respondem a uma necessidade de dimensão relevante.
O anúncio público do fundo e a campanha de convites Founders suscitaram igualmente um grande interesse junto dos órgãos de comunicação social e de diversas comunidades digitais relacionadas com poupança e investimento. Ao longo das últimas semanas foram por isso várias as oportunidades que tivemos de dar a conhecer o nosso fundo e as razões pelas quais entendemos que este pode ajudar os nossos Clientes a serem donos do seu destino às audiências de meios como Dinheiro Vivo, Jornal Económico, TSF, Executiva, FundsPeople, Renda Maior, FIRE Talks Portugal, Clube Finanças, Investimentos Lucrativos, Finanças no Feminino e a comunidade portuguesa de literacia financeira do Reddit (r/literaciafinanceira). A todos agradecemos o interesse no que fazemos e o contributo para que muitos mais tenham uma boa gestão das suas poupanças, melhorem significativamente os seus conhecimentos financeiros e protejam os seus interesses.
Concluímos com uma nota breve esta longa carta. Se comprarmos negócios excelentes por menos do que valem e comprarmos um grupo deles, basicamente não perdemos dinheiro. Se o mercado nos oferecer uma oportunidade de investir num negócio, que diferença faz investir numa terça, num ano de eleições ou com taxas de juro a 3 ou 4%? Não é nisto que um homem de negócios pensa quando compra empresas. Porque motivo haveríamos de pensar nisso quando compramos ações, se as ações são fatias de empresas?
Muito obrigada pela Vossa confiança.
Com elevada estima, enviamos os melhores cumprimentos,
Emília O. Vieira
Chief Executive Officer
"Trabalhamos para que os nossos Clientes sejam Clientes antigos"