5 lições de um ano terrível para os mercados financeiros
Publicado no blog A Wealth of Common Sense a 17 de janeiro de 2023 por Ben Carlson
5 lições de um ano terrível para os mercados financeiros
A maior parte dos investidores provavelmente gostaria de esquecer 2022 no que diz respeito ao desempenho do mercado e seguir em frente. Foi um ano muito mau para os mercados. Mas podemos retirar algumas lições valiosas.
Aprendemos mais sobre nós próprios durante um bear market do que num bull market.
Este artigo que escrevi para a revista Fortune aborda 5 lições para investidores de 2022.
O ano passado foi um dos piores anos para os mercados financeiros na história económica moderna. As ações entraram num bear market. As obrigações, normalmente um refúgio quando as ações caem, também foram duramente atingidas.
Não foi um ano fácil para os investidores, porque não havia sítio onde se pudessem refugiar.
Eis algumas das lições mais importantes de 2022:
No curto prazo, tudo pode acontecer
É raro que as ações e as obrigações dos EUA caiam no mesmo. Na verdade, antes de 2022, isto só aconteceu três vezes desde 1928:
Tipicamente, quando o mercado de ações cai, as obrigações fornecem o lastro para o portfólio, à medida que os investidores fogem para a segurança do rendimento fixo.
No ano passado, no entanto, o recuo das ações ocorreu, em parte, devido ao que está a acontecer no mercado obrigacionista. A Reserva Federal, para combater a inflação mais elevada das últimas quatro décadas, aumentou agressivamente as taxas de juro.
Uma vez que as obrigações estavam a transacionar com yields tão baixos, as perdas foram das mais elevadas que os investidores alguma vez viram na história do mercado financeiro moderno.
O mercado de ações dos EUA caiu pouco mais de 18% em 2022, enquanto o mercado de obrigações caiu 13%. Os títulos do Tesouro de dez anos caíram mais de 15%, enquanto os títulos do governo de longo prazo caíram mais de 30%.
Portanto, esta não foi apenas a primeira vez em décadas que ações e obrigações caíram no mesmo ano, mas é a primeira vez na história que ações e obrigações registaram perdas de dois dígitos simultaneamente. Há bons motivos para afirmar que 2022 foi um dos piores anos de todos os tempos, em termos de desempenho, para as carteiras tradicionais de ações e obrigações.
2022 recordou-nos que, nos mercados tudo pode acontecer no curto prazo, até coisas que nunca aconteceram antes.
Prever o futuro é difícil
O mercado imobiliário dos EUA entrou em 2022 a ferver. No final de 2021, O Índice Nacional de Preços de Casas Case-Shiller registava uma subida anual de quase 20%.
Uma das maiores causas para o boom dos preços da habitação foi o ambiente de taxas de juros ultrabaixas que surgiu devido à pandemia. No início do ano, a taxa do crédito à habitação para um empréstimo de taxa fixa de 30 anos era apenas 3,1%. Isto não durou muito.
As taxas mais que duplicaram em 2022, atingindo os 7,1% antes de fechar o ano à volta dos 6,4%.
Muitas pessoas previram que, no ano passado, o mercado imobiliário faria uma muito necessária pausa, mas absolutamente ninguém antecipou esta vertiginosa subida das taxas do crédito à habitação em tão curto período de tempo.
2022 recordou-nos, mais uma vez, que as previsões de preços costumam ser afetadas por variáveis económicas e de mercado que a maioria das pessoas não consegue prever atempadamente.
Nada funciona para sempre
As ações tecnológicas foram as grandes vencedoras da década de 2010. Empresas como a Apple, Amazon, Microsoft, Facebook e Google tornaram-se tão grandes e dominantes que só havia uma opção -- e essa opção era comprá-las.
Há um velho ditado em Wall Street que diz que nada falha tanto como o sucesso, porque as expetativas são tão elevadas que se torna quase impossível continuar a superar o que os investidores acreditam que vai acontecer no futuro.
Em 2022, as ações tecnológicas descobriram finalmente como era lidar com expectativas tão elevadas. Algumas das maiores ações tecnológicas registaram as maiores perdas de todos os tempos:
Estas são algumas das maiores e melhores empresas do mundo, mas os preços das ações não sobem sempre.
O ano passado veio reforçar a ideia que mesmo as melhores empresas podem levar a grandes perdas se as comprarmos ao preço errado.
Grandes ganhos são normalmente acompanhados por grandes perdas
Os tempos do boom da pandemia viram vários ativos e títulos levantarem voo como foguetões com ganhos enormes. Em 2020 e no início de 2021, os investidores fizeram os preços de uma série de investimentos especulativos subir estrondosamente.
No final de 2021 e 2022, muitos desses foguetões regressaram à Terra:
Os melhores títulos dos tempos de boom são frequentemente os piores dos tempos de bust, e nos últimos dois anos, isto não foi diferente.
O ano passado voltou a recordar-nos não é possível obter grandes retornos nos mercados financeiros sem o potencial de grandes perdas.
As perdas nos mercados são inevitáveis
O ano passado foi um dos piores jamais registados no mercado de ações, mas estas perdas fazem muito mais sentido quando as encaramos no contexto dos ganhos que as precederam.
Nos três anos anteriores à perda de 18% do S&P 500 em 2022, o índice subiu 31%, 18% e 28%.
Mesmo com as perdas de 2022, o S&P 500 está a subir mais de 60% desde 2019. Isto significa retornos de 13% ao ano.
2022 recorda-nos que nunca é fácil de lidar com as crises no momento, mas se conseguimos manter uma mentalidade de longo prazo, os ganhos, eventualmente, superarão as perdas.