Processo de Investimento | Assembleia Anual de Clientes 2022
TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO "Processo de Investimento", EXCERTO DA ASSEMBLEIA ANUAL DE CLIENTES 2022, REALIZADA A 28 DE MAIO.
Emília Vieira: [00:00:03] Para que percebam como é que nós então escolhemos, como é que fazemos, como é que chegamos à carteira, como é que chegamos a um portfólio de 25 ou 30 empresas? E porque é que o processo que seguimos é seguro, é robusto e nos permite estar confiantes no trabalho que podemos fazer? O processo é mais ou menos este, portanto. Olhando para o mercado, olhamos sobretudo para as empresas americanas cotadas nos Estados Unidos e cotadas na Europa. E este universo é à volta de 35.000 empresas. Nós gostamos de investir e estamos mais inclinados hoje para empresas de capitalizações superiores a 5 biliões, 5 mil milhões. E, portanto, ao utilizarmos esse filtro, nós já vamos reduzir o nosso universo de 35.000 para 2.000 empresas.
Portanto, utilizando este primeiro filtro, nós já vamos reduzir então o nosso universo, um universo para o qual vamos olhar para 2.000 empresas. E Depois o que é que queremos fazer? E depois queremos então, usando a nossa filosofia, os tais filtros de qualidade, nós queremos ver empresas que tenham aquela palavra ROIC, que é retorno ao universo de capital. Vão ouvir muito falar dela hoje que há retorno nos capitais investidos. Queremos ver que têm crescimentos de receitas.
Queremos ver que estas empresas são grandes geradoras de free cash flow e queremos ver balanços sólidos, balanços com pouca dívida que nos permitam estar seguros e a empresa ter capacidade de enfrentar os desafios. Ora, depois de introduzir estes quatro filtros quantitativos, nós já reduzimos o nosso universo para cerca de 350 empresas.
Emília Vieira: [00:01:44] Não apenas fazemos isto através do nosso sistema Bloomberg, não apenas por aqui, mas também lendo. Não é só por aqui que recolhemos ideias, mas também lendo o que fazem grandes investidores mundiais, os serviços que temos que compramos da análise, desde entrevistas de especialistas de mercado, etc. E quando falamos nisto não estamos a falar da banca de investimento ou da banca comercial. Estamos a falar de empresas que produzem research e que vendem esse research, mas que não ganham ao vender, ao ter esta ação ou aquela, como é o caso dos bancos, como bem sabem onde há enormes conflitos de interesse.
Portanto, destes 350 depois de fazermos este estudo, isto dá origem a um estudo aprofundado pela nossa equipa de analistas e que pode demorar quase semanas, oito dias pode demorar meses. A equipa, neste caso há um analista e há um analista supervisor. E depois o que acontece é que a equipa discute entre ela e a partir daqui decide se o título vai ou não a um comité de investimentos, se cumpre ou não com os três pilares que nós queremos ver se a gestão é capaz, se tem as avenidas de crescimento. Se é um negócio altamente rentável. E então, a partir daí vai a decisão de comité de investimento. Portanto, aqui, quando fazemos este trabalho, nós temos aqui à volta de 100 empresas e para a carteira vão 25 a 30.
Emília Vieira: [00:03:13] Este é o nosso processo de seleção, o nosso processo de investimento. Como é que selecionamos as empresas? Falando em risco e porque muitas vezes este conceito está muito distorcido para a maior parte das pessoas. O risco é a probabilidade de perda permanente de capital. Não tem nada a ver com variação de preço. É claro que é extremamente desconfortável ver um dia uma ação que temos na carteira, até porque ao receberem o extrato no final do mês, receber a carteira a ser marcada em baixo, com quedas, não é agradável. Mas isso são cotações.
A vossa casa também variava se tivesse a cotar todos os dias e se tivesse uma luz ali a piscar a toda a hora, a dizermos o preço. A questão é que as ações têm grande volatilidade porque têm muita liquidez, porque têm muitos atores no mercado financeiro e as cotações não resultam da inteligência dos investidores e quem sabe o que está a fazer pesa tanto no mercado como quem não sabe. Basta ter dinheiro para estar no mercado financeiro. E isto quer dizer que no curto prazo os preços podem não fazer sentido nenhum, portanto, daí a importância de não estarmos muito confiantes quando olhamos e vemos o mercado a cair. E já agora, nós não somos pessimistas, antes pelo contrário. Mas nós gostamos dos preços que o pessimismo produz, porque o pessimismo é que nos traz os preços para baixo e que nos permite comprar barato.
Emília Vieira: [00:04:43] E ao longo deste primeiro trimestre do ano, nós investimos numa série de empresas que tinham sido avaliadas há dois, três, quatro anos e que vínhamos a seguir. E uma delas até acompanhava há sete anos e nunca quisemos pagar porque custa a pagar e nós queremos sempre comprar, receber mais do que aquilo que estamos a pagar. Mas efetivamente é extremamente relevante isto.
E se nós olharmos para a variação de preço com apenas volatilidade, e só olharmos para o mercado se quisermos comprar ou se quisermos vender, se for o nosso preço, a que nos dão grandes quando compramos. Se acharmos que conseguimos estar a vender caro, aproveitar e vender, vale a pena. O resto do tempo mais vale desligar o computador ou a televisão e não olhar para os preços. Portanto, para nós, o que é que é o risco? Como é que nós olhamos para o risco? A probabilidade de perda permanente de capital é o grande problema. Mas isso pode acontecer numa obrigação, numa empresa que vai a falência não pagar a dívida e isso pode acontecer.
Portanto, para nós é, se nós temos na carteira ativos de qualidade excecional, empresas que praticamente não têm em dívida, como vão ver a seguir, se temos empresas que ganham retornos muito acima da média, se temos empresas que são extremamente bem geridas, é claro que eu, ao gerir a CASA de investimentos, acho que estou a fazer muito bem. Mas, obviamente, quando veio a crise de dívida, havia muito mais probabilidade da Microsoft de continuar a ser uma empresa extraordinária do que a CASA de Investimentos de existir.
Emília Vieira: [00:06:11] Mas claro que nós atribuímos sempre a uma coisa controlamos muito mais valor. Mas efetivamente, ao estarem no mercado financeiro, mesmo quando ele recua, 20 ou 30% podem estar igualmente seguros, como a história financeira mostra. Depende é da qualidade dos ativos em que estamos investidos. Por isso, para nós, comprar negócios excepcionais a desconto de que valem, é uma forma extraordinária de gerir risco. E depois, a maior de todas é o longo prazo. No curto prazo, não temos qualquer hipótese e não faz sentido investir em ações no curto prazo.
Tentar adivinhar, ter um lucro rápido e entrar e sair não faz qualquer sentido. Portanto, esta é a melhor forma para nós. Gerimos o risco. Estes dois gráficos mostram-nos justamente isso e gostamos muito de os mostrar, porque se nós investirmos a um ano depende o ano. Este ano, quem abriu uma conta em janeiro com a casa de investimentos está a perder 15%, à volta disso, que o mercado subiu cinco dos últimos dois dias. Portanto, pode acertar em ser um ano extraordinário e teve um bom retorno. Como pode não acertar e ser um ano negativo. A azul estão os retornos das ações. A amarelo estão das "treasuries bills", que são dívida do Estado americano com menos de um ano.Ora, se repararem há aqui muitos períodos de tempo em que também estão negativas, mas isto é em termos reais e as pessoas normalmente os investidores olham para retornos nominais.
Emília Vieira: [00:07:35] Quem andou a investir nos últimos anos em obrigações olhou sobretudo ou em depósitos a prazo olhou sobretudo para retornos nominais. Mas quando nós levamos em conta a inflação, estes investidores ficaram muito mais pobres. E hoje ainda mais porque o rendimento destes ativos está abaixo da inflação, certo? Portanto, aqui, o que é importante é dizer no curto prazo, tudo pode acontecer no mercado financeiro.
Mas a 20 anos não há em ações nenhum período com retornos negativos. Não há nenhum período com retornos negativos. Portanto, é o que nós vemos aqui, vemos nas ações, mas nas obrigações. Encontramos aqui o período entre a Grande Recessão e já depois da Segunda Guerra Mundial e agora ali, nos últimos anos, desta crise financeira. Retornos reais negativos na componente obrigacionista. Portanto, a mostrar que no longo prazo e se não acreditassem, vinha ao facto final, que é um trabalho feito por dois professores americanos, Jeremy Siegel e Richard Thaler, e que mostra que entre 1801 e 1995, quase 200 anos, os retornos nas ações têm uma variação anual de cerca de 18%, contra Bilhetes de Tesouro de seis, portanto um terço muito menos voláteis. Mas a 20 anos é exatamente o contrário. As ações fariam muito menos, -2,8% do que, como vêem aqui do lado direito, os Bilhetes do Tesouro. Portanto, este gráfico, aliás, vem num artigo muito recente da CFA e do CF Institute, que é uma instituição mundial de analistas financeiros e que prepara as pessoas e lhes dá [formação], como temos vários na nossa equipa de analistas financeiros.
Emília Vieira: [00:09:24] Portanto, qual é o nosso compromisso? Vista a filosofia, olhando para aquilo que é um portfólio concentrado, que faz parte da nossa estratégia e a longo prazo, qual é o nosso compromisso convosco? Nós queremos manter e vamos manter, e até porque já vimos o que foi o custo de abdicar disso durante dois ou três anos da casa, uma estratégia de investimento em ações de qualidade excecional, com foco no longo prazo e seguindo uma filosofia de valor. Vamos-vos dizer sempre tudo o que corre bem e que não corre porque não conseguimos estar de outra maneira. E eu, pessoalmente, detestaria e não confiaria em quem me faz o contrário. Segundo, nós investimos convosco.
Eu sou a cliente número um de fundo e tenho também uma conta, um unit linked e sou uma cliente relevante da casa de investimentos. Não vos serve com certeza de consolo, mas eu tive os mesmos retornos que vocês e também não estou satisfeita. Nós queremos fazer melhor. Eu também não estou satisfeita com os erros que cometemos e podemos fazer melhor.
O que nós queremos efetivamente? É criar uma legião de investidores em valor e criar uma CASA de Investimentos forte que perdure no tempo e que mereça a vossa confiança, que permita aumentar a riqueza das famílias e o conhecimento financeiro, que ajude as pessoas a perceberem melhor e a protegerem-se da ganância que tanto abunda neste setor.
Veja aqui todos os excertos da Assembleia Anual de Clientes 2022:
FILOSOFIA DE INVESTIMENTO: OS 3 PILARES DOS NEGÓCIOS EXCECIONAIS
FILOSOFIA DE INVESTIMENTO: CRESCIMENTO RESULTADOS DAS EMPRESAS
FILOSOFIA DE INVESTIMENTO: PORTFOLIO CONCENTRADO