Períodos de extremo pessimismo resultam em bons retornos
Excerto da carta a clientes publicada a 23 de maio de 2022
"AOS NOSSOS CLIENTES,
Os mercados financeiros têm sido atingidos por vagas de incerteza causadas por uma série de eventos que incluem a guerra na Ucrânia, medidas de confinamento na China, inflação crescente e a possibilidade da subida de taxas de juro. Estes fatores contribuem para os receios de que a economia global caminha para uma recessão.
Esta turbulência nos mercados deixa poucos sítios onde os investidores se possam resguardar ou evitar perdas. Os índices de obrigações caíram a par dos índices de ações, com os investidores a descontar a possibilidade de subida das taxas de juro. O Índice Global Agregado Bloomberg, um comparativo para a dívida de empresas e governos, caiu cerca de 10%, em euros, desde o início do ano, a sua maior correção nos últimos 20 anos.
Está largamente documentado que os mercados (os investidores) não gostam de incerteza e a maior parte de nós não está programada para lidar com ela. O índice do sentimento do consumidor americano sofreu uma queda acentuada este ano, atingindo um dos níveis mais baixos dos últimos 50 anos. É durante períodos de extremo pessimismo que tendemos a encontrar as melhores oportunidades de investimento. Na realidade, a história demonstra que investir em períodos de extremo pessimismo resulta em bons retornos. No fundo, comprar a pessimistas para, mais tarde, vender a otimistas.
Entretanto, o dinheiro continua a perder valor à medida que o custo de vida sobe. Apesar de muitos saberem isso, estão maioritariamente em dinheiro à espera. O erro que cometeram no início da pandemia repete-se: não aproveitam a oportunidade para comprar empresas de qualidade excecional que tiveram correções muito fortes e que têm um longo historial de serem negócios com operações altamente rentáveis em múltiplos ciclos económicos. São máquinas de fazer dinheiro, com balanços sólidos, com marcas poderosas, com clientes leais em todas as geografias, vantagens competitivas fortes e poder de fixação de preço significativos.
Warren Buffett repete com frequência que "no curto prazo, o mercado é uma máquina de votar, mas no longo prazo, é uma balança." O que Buffett quer dizer é que no curto prazo os mercados não se importam com os fundamentos económicos dos negócios. Ou seja, para participar (na tal máquina de votar) só é preciso dinheiro e não é exigido conhecimento ou estabilidade emocional. Em períodos de incerteza, os investidores são tipicamente dominados pelas suas emoções e correm para o botão de venda quando têm medo."
"O nosso método é muito simples. Procuramos negócios com fundamentos económicos excecionais, geridos por pessoas capazes e honestas e tentamos comprá-los a preços sensatos."
-- Warren Buffett