Os retornos de um ano não interessam
Artigo da autoria de Ben Carlson, publicado originalmente em A Wealth of Common Sense
Os retornos de um ano não interessam
Uma das grandes dificuldades em nos concentrarmos no investimento de longo prazo é que o curto prazo brinca com as nossas emoções.
Em anos como 2022, quando tudo está a cair, desejámos sempre, "não devia ter corrido tantos riscos".
Em anos como 2023, quando tudo está a subir, desejámos sempre, "devia ter arriscado mais".
Os retornos de longo prazo são os únicos que interessam, mas para os atingir, temos de atravessar uma série de emoções de curto prazo.
Os retornos de curto prazo podem pregar-nos algumas partidas.
Vejam os retornos desde o início deste ano de uma mão cheia de ações de Big Tech e do Nasdaq 100:
Isto pode ser uma bolha na IA (inteligência Artificial) ou um regresso da especulação ao mercado após uma breve pausa, mas também é possível que os investidores tenham sobrestimado a probabilidade de uma recessão e castigado em demasia estas ações em 2022:
Quando combinamos 2022 e 2023, as coisas não parecem tão loucas:
Algumas das ações com subidas explosivas este ano ainda estão negativas desde o início de 2022 (a Nvidia é a exceção óbvia).
Podemos vencer qualquer discussão sobre a performance nos mercados alterando as datas de início e fim do período em discussão, mas é importante colocar estes números em contexto.
Às vezes, o motivo pelo qual o mercado sobe muito é porque, num período anterior, caiu muito, e vice-versa.
Outra forma de olhar para isto é tentar perceber como os retornos de curto prazo impactam os retornos de longo prazo.
Vejam os retornos de todos os períodos de 30 anos no S&P500 desde 1950 (a linha azul) e comparemo-los com os retornos mais recentes:
Os retornos anuais variam bastante, mas os retornos de 30 anos não mudam muito.
Um único ano pode fazer-nos sentir felizes ou deprimidos, mas não vai ter muita influência nos resultados de longo prazo.
Vai haver bons anos e maus anos.
Às vezes funciona tudo bem. Outras vezes, nada corre bem. Outras vezes, temos uma dispersão enorme de retornos dependendo da classe de ativos, estilo, estratégia ou geografia. E vai haver sempre algo com que nos preocuparmos, não importa o que os mercados estão a fazer. O ano passado, era fácil estramos preocupados se o mercado ainda ia cair mais. Este ano, estamos preocupamos porque o mercado subiu depressa demais e está prestes a sofrer uma correção.
É da natureza humana prestarmos muita atenção aos resultados de curto prazo, mas o sucesso no investimento só se atinge quando chegarmos à conclusão que o longo prazo é o único horizonte de investimento que importa.
O sucesso no investimento é para pessoas pacientes.