Filosofia de Investimento: Os 3 pilares dos negócios excecionais
TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO "Filosofia de Investimento: Os 3 pilares dos negócios excecionais", EXCERTO DA ASSEMBLEIA ANUAL DE CLIENTES 2022, REALIZADA A 28 DE MAIO.
Emília Vieira: [00:00:03] Portanto, para nós, o que é que é importante? Para nós é importante, e para a defesa do dinheiro dos nossos clientes - em que nós também investimos com eles - é importante ter uma filosofia segura, uma filosofia que nos permite manter o norte.
E por isso nós assentamos a nossa filosofia de investimento em valor é, sobretudo, assente em qualidade e na qualidade que deve ter o portfólio que criamos, a carteira de investimentos que criámos, nós queremos ver num primeiro pilar, empresas com grandes vantagens competitivas e aquilo a que chamamos de "moat" ou fosso, como existia na Idade Média à volta dos castelos e que era para proteger o castelo dos concorrentes.
Ora, no capitalismo é assim. Os retornos elevados atraem a concorrência e, da mesma forma que a noite segue o dia, vão disputar estes mercados, portanto, nós queremos ver empresas que tenham grandes vantagens competitivas, fossos os largos que protegem retornos de capital ganhos acima da média. Gostamos, obviamente, de ver que estes negócios sejam difíceis de replicar. Um bom exemplo é, por exemplo, a Google. Como é que nós vamos replicar o motor de busca, onde todos vamos? Onde estão biliões de pessoas? É muito difícil de replicar. Como é que vamos replicar um negócio como LVMH, a Louis Vuitton, que tem dentro das suas marcas empresas que tem 100 anos? É muito difícil.
É preciso tantas e muitas vezes esperar décadas ou 100 anos para o conseguir fazer. Como é que vamos replicar um negócio como a Microsft, que que tem tantos custos da mudança para as empresas? Portanto, aqui é fundamental termos negócios que são muito difíceis de replicar.
Emília Vieira: [00:01:50] Queremos ver que estas grandes vantagens competitivas se mantenham ao longo do tempo, porque é isto que vai permitir - e muitas vezes as empresas podem parecê-lo ter - Mas estas vantagens serem duradouras a prazo é fundamental. E por isso nós queremos estas vantagens. Porquê? Porque estas empresas estão muito mais isoladas do ambiente económico em que vivem, no sentido em que têm o poder de fixação de preço.
E hoje, quando falamos tanto de inflação, estas são as empresas que conseguem passar os aumentos de preço para os clientes finais. Por exemplo, em Agosto passado, a Microsoft subiu 20% os preços dos seus produtos. Portanto, isto significa que efetivamente têm o poder do preço e passam o custo aos consumidores.
O que estamos depois de ver também é que estas empresas têm balanços fortes. O que é que isto significa? Significa que são empresas que têm muito "cash" no balanço, que têm pouca divida, que têm a facilidade de ter flexibilidade para nos maus momentos, nas recessões, poder ampliar, poderem ampliar as suas vantagens competitivas, poder comprar ou expandir a atividade ou comprar outras empresas. Portanto, este é o primeiro pilar que é fundamental. Negócios extraordinários têm que ter grandes vantagens competitivas.
Depois temos um segundo pilar, que é queremos avenidas de crescimento. Porque uma empresa que não cresce tende a morrer. E se nos juntarmos a empresas rentáveis o crescimento, nós temos de facto uma grande, um grande poder de capitalização, de retornos e de riqueza a longo prazo.
Emília Vieira: [00:03:28] Portanto, nós queremos efetivamente ver negócios que têm estas oportunidades estruturais que têm aquilo a que nós chamamos ventos favoráveis pelas costas. Desde logo, por exemplo, tendências demográficas que, nomeadamente, são muito favoráveis ao sector da saúde. Ou, por exemplo, aquilo a que nós hoje chamamos de cashless economy, que é uma economia sem dinheiro físico e, portanto, com cada vez mais automatismos. Portanto, estas são avenidas que nós gostamos muito de ver e depois queremos ver que estes negócios têm grande possibilidade para reinvestir os cash flows que vão gerando e fazê-lo com retornos elevados. Portanto, aqui é um dos pilares fundamentais que queremos ver nos negócios.
E o terceiro pilar é a equipa de gestão. Aquilo que efetivamente é determinante nas empresas são as pessoas, são as pessoas que conseguem transmitir este valor com uma gestão de qualidade excecional, gestores que tenham os interesses alinhados connosco, com os acionistas e que não só nas suas remunerações, tenham uma participação no capital, mas que tenham também, sobretudo, uma visão de longo prazo que não olhem para o mercado para o trimestre, para o crescimento da empresa como o resultado do próximo do próximo trimestre ser o importante. Não. Nós queremos o foco no longo prazo e queremos ver que estes sejam gestores com provas dadas a alocar capital. Isso é uma coisa que nós podemos ver. Obviamente, vendo o histórico que estas empresas têm.
Emília Vieira: [00:05:07] E que, obviamente, nos permite ver como é que fizeram, como tomaram decisões no passado. Como é que se comportaram, como alocadores de capital e nós gostamos de ver que sejam extremamente disciplinados e que depois mantenham o tal balanço forte. Portanto, para nós, aqui, o foco tem que ser ignorar o ruído de curto prazo, porque todos os dias as empresas têm notícias positivas ou negativas, mas a questão é que têm gestores capazes para tomar essas essas decisões.
Portanto, se olharmos para aquilo que é a caracterização da filosofia, nós temos aí qualidade como imprescindível. Nós queremos comprar ativos excecionais e isto faz sentido. E para isso, grandes vantagens competitivas, capacidade de crescimento e equipas de gestão capazes, isto faz um negócio excecional. Mas negócios destes não há muitos e são apenas das milhares de empresas a cotar no mundo apenas algumas centenas e são essas que nós queremos identificar e são essas que nós vamos querer na carteira.
Portanto, a nossa estratégia vai ser focada nos negócios de qualidade excecional e, portanto, num universo muito mais restrito. Isto é importante dizer porquê? Porque ao longo destes anos, muitas vezes me perguntaram como é que a senhora acha que é possível fazerem tão bem tendo uma equipa mais limitada no mercado? Como é que tem capacidade para avaliar tantas empresas? A maior parte das empresas não nos interessam porque não são negócios extraordinários, não são o melhor para os nossos clientes, não são melhor para nós todos como acionistas.
Veja aqui todos os excertos da Assembleia Anual de Clientes 2022:
FILOSOFIA DE INVESTIMENTO: OS 3 PILARES DOS NEGÓCIOS EXCECIONAIS
FILOSOFIA DE INVESTIMENTO: CRESCIMENTO RESULTADOS DAS EMPRESAS
FILOSOFIA DE INVESTIMENTO: PORTFOLIO CONCENTRADO