Dez Conselhos Financeiros para o Meu Filho
Artigo originalmente publicado no The Motley Fool em 13 de outubro de 2015
Dez Conselhos Financeiros para o Meu Filho
A minha mulher e eu demos as boas vindas ao mundo ao nosso filho no mundo no passado domingo. É a experiência mais extraordinária que alguém poderia ter.
O único interesse dele neste momento é manter-nos acordados 24 horas por dia e sete dias por semana. Mas chegará o dia - daqui a muito tempo - em que ele vai precisar de aprender alguma coisa sobre finanças. Quando esse dia chegar, aqui estão os meus conselhos.
1. Podes pensar que queres um carro caro, um relógio vistoso ou uma casa enorme.
Mas ouve com atenção, não queres. O que tu queres é o respeito e a admiração das outras pessoas e achas que ter coisas caras te vai trazer isso. No entanto, isso quase nunca acontece - especialmente com as pessoas que tu queres que te respeitem e admirem.
Quando vês alguém a conduzir um bom carro, provavelmente não pensas: "Uau, aquela pessoa é cool". Em vez disso, pensas: "Uau, se eu tivesse aquele carro, as pessoas pensariam que eu sou cool". Vês a ironia? Ninguém se importa com o tipo no carro. Diverte-te; compra coisas boas. Mas compreende que o que as pessoas realmente querem é respeito e a humildade acabará por te render mais do que a vaidade.
2. É normal supor que todo o sucesso e todo o fracasso financeiro são "merecidos".
Na maior parte das vezes é, mas só até certo ponto - e esse ponto é mais baixo do que muitos pensam.
A vida das pessoas é um reflexo das experiências que tiveram e das pessoas que conheceram. Muito disto é motivado ou originado pela sorte, por acidente ou por acaso. Algumas pessoas nascem em famílias que encorajam a educação; outras são contra. Algumas nascem em economias prósperas que incentivam o empreendedorismo; outros nascem na guerra e na miséria. Eu quero que sejas bem-sucedido e quero que o mereças. Mas compreende que nem todo o sucesso se deve ao trabalho duro e nem toda a pobreza se deve à preguiça. Tem isto em mente ao julgar as pessoas, incluindo tu mesmo.
3. Isto pode parecer duro, mas espero que sejas "pobre", em determinado momento.
Não estou a falar de pobreza extrema, obviamente. Mas não há como aprender o valor do dinheiro sem sentir o poder da sua escassez. Esta escassez ensina a diferença entre o necessário e o desejável. Vai-te forçar a fazer um orçamento. Fará com que aprendas a aproveitar o que tens, reparar o que está avariado e procurar melhores preços. Estas são competências essenciais para a sobrevivência. Aprende isto e lidarás facilmente com os inevitáveis altos e baixos da vida financeira.
4. Se fores como a maioria das pessoas...
Vais passar a maior parte da tua vida adulta a pensar: "Assim que eu poupar/ganhar X euros, vai ser tudo ótimo." Eventualmente, atingirás os X euros e vais querer Y e começa tudo de novo. É um ciclo miserável. Poupa o teu dinheiro e esforça-te para seguir em frente. Mas compreende que a tua capacidade de te ajustares a novas circunstâncias é mais poderosa do que pensas e que os teus objetivos devem ser mais do que apenas o dinheiro.
5. Não fiques num emprego que odeias...
Só porque fizeste uma escolha de carreira quando tinhas 18 anos. O teu pai fica estupefacto quando vê os caloiros da universidade a escolherem um curso que vai determinar as suas carreiras ao longo da vida. Nessa idade, quase ninguém sabe o que quer fazer. Muitos não sabem o que querem fazer quando têm o dobro dessa idade.
6. Muda de ideias quando tiveres que o fazer.
Já notei esta tendência: as pessoas pensam que dominam o investimento quando são jovens. Começam a investir aos 18 anos e pensam que já sabem tudo aos 19 anos. Mas não sabem. A confiança aumenta mais rapidamente que a capacidade, especialmente nos homens jovens. Aprende a mudar de ideias, a descartar velhas crenças e substitui-las por novas verdades. É difícil, mas necessário. Não te sintas mal por isto. A capacidade de mudar de ideias quando estás errado é um sinal de inteligência.
7. A melhor coisa que o dinheiro compra é o controlo do teu tempo.
Dá-te opções e liberta-te de ter que depender das prioridades de outra pessoa. Um dia vais compreender que esta liberdade é uma das coisas que te faz realmente feliz.
8. O caminho para o arrependimento financeiro está cheio de dívidas.
E também de vendedores à comissão, mas principalmente dívida. É incrível a percentagem dos problemas financeiros causados por empréstimos. A dívida é uma antecipação ao teu futuro, do qual vais sentir sempre falta, para ganhares algo hoje, com o que te vais habituar rapidamente. Provavelmente, vais precisar de alguma dívida, como um crédito à habitação. Isso está bem. Mas tem cuidado. A maioria das dívidas é o equivalente a uma droga: uma dose rápida (e cara) de prazer que te afunda nos anos seguinte e te limita as opções.
9. A tua taxa de poupança tem menos a ver com o que tu ganhas e muito mais a ver com o que gastas.
Conheço um dentista que vive de salário em salário, sempre à beira da ruína financeira. Conheço outro que nunca ganhou mais de 50 mil dólares por ano e economizou uma fortuna. A diferença é inteiramente devida aos seus gastos.
O que tu ganhas não determina o que tu tens. E o que tu tens não determina o que precisas.
Não te tornes num acumulador de dinheiro ou num avarento. Mas compreende que aprender a viver com menos é a maneira mais fácil e eficiente de conseguires controlar o teu futuro financeiro.
10. Ignora-me se não concordares com o que escrevi.
Todos nós somos diferentes. O mundo em que tu vais crescer terá valores e oportunidades diferentes daquele em que eu cresci. Mais importante, vais aprender melhor quando discordares de alguém e fores forçado a aprender sozinho. (Por outro lado, ouve sempre a tua mãe.)
Agora, por favor, deixa-me dormir.