Emília Vieira:
Executiva, 26 Março 2021
Emília Vieira: "A educação financeira é também um motor de transformação para uma sociedade mais equilibrada e próspera"

Em novembro de 2010 lançou a Casa de Investimentos, para gerir carteiras individuais, mas sempre teve o desejo de democratizar o acesso à filosofia de investimento em valor. "Qualquer valor poupado merece e deve ser bem investido porque representa esforço para o conseguir e também para não o gastar", afirma agora que lança o fundo PPR Casa Global Value.

No meio de um ambiente altamente recessivo, Emília Vieira lançou a Casa de Investimentos, em Braga, para atrair primeiro os investidores minhotos, mas tendo já na mira o mercado nacional. É seguidora da filosofia de investimento de Warren Buffett, o que lhe permite garantir boas rentabilidades mesmo em tempos recessivos. Volvida uma década, a Casa tem ativos sob gestão que ascendem a 150 milhões de euros, uma rentabilidade acumulada de 129,65% e anualizada de 8,42%, em média.

Agora, correspondendo ao objetivo de democratizar o acesso à filosofia de investimento em valor, porque “qualquer valor poupado merece e deve ser bem investido porque representa esforço para o conseguir e também para não o gastar”, a Casa de Investimentos lança o fundo de investimento PPR Casa Global Value. Nesta entrevista, Emília Vieira explica a opção por um Plano Poupança reforma (PPR), quais as vantagens do fundo de investimento e os benefício s atribuídos aos founders, os primeiros 1000 participantes.

 

Por que razão a Casa de Investimentos decidiu lançar o fundo de investimento PPR Casa Global Value?

A Casa de Investimentos iniciou a sua atividade em novembro de 2010 com a gestão de carteiras individuais. Nos primeiros anos, o montante mínimo de abertura de conta era de 25 mil euros. Estávamos a começar e não era fácil, no contexto da crise financeira, que nos confiassem valores muito elevados. Contudo, à medida que crescemos em ativos sob gestão e para conseguirmos assegurar um serviço de acompanhamento de grande nível, decidimos alterar para 100 mil o montante mínimo de abertura de conta.

Ao longo dos anos fomos sempre abordados por investidores para abertura com montantes mais baixos. A verdade é que tivemos sempre o desejo de poder trabalhar a poupança mais pequena e democratizar o acesso à filosofia de investimento em valor. Qualquer valor poupado merece e deve ser bem investido porque representa esforço para o conseguir e também para não o gastar.

Por isso, em 2015 iniciámos o pedido de licença para a gestão de Organismos de Investimento Coletivo para podermos ser Sociedade Gestora de Fundos de Investimento. O processo foi longo na CMVM e só no final de 2019 nos foi dada a licença.

Nessa altura e já com alterações na legislação, considerámos que o Fundo PPR era o mais adequado. Primeiro porque faz o matching perfeito com o nosso horizonte de investimento de longo prazo. Segundo porque, apesar da grande flexibilidade de levantamento se o investidor o desejar ou precisar de o fazer, se se mantiver investido beneficia de um tratamento fiscal muito favorável que incentiva o investimento a longo prazo. Além disso, é gerido numa única conta e subscrito através de unidades de participação, tornando a estrutura operacional muito eficiente em termos de custos.

Hoje contamos já com clientes cujos patrimónios vão dos 1000 a valores que ultrapassam os 20 milhões de euros.

Em que medida este fundo se compatibiliza com a atuação normal da Casa de Investimentos de gestão de carteiras de investimento?

Totalmente. A Casa de Investimentos disponibiliza agora a mesma gestão e filosofia de investimentos com serviços muito diferentes: os clientes que desejem ter a sua conta de investimento individual podem abrir conta a partir de 100 mil euros e têm um elemento da equipa comercial que os acompanha e explica os investimentos. Recebem extratos mensais com toda a informação sobre a conta e as Cartas Trimestrais com a exposição dos investimentos e a justificar as decisões de investimento.

Por outro lado, os clientes Fundo PPR, com rentabilidades otimizadas pela sua eficiência fiscal e operacional, podem abrir conta a partir de 1000 euros, com reforços a partir de 100 euros e podem estabelecer um plano de entregas programadas mensais, trimestrais ou outras. Para prestarmos um bom serviço, com transparência e comodidade, os clientes do fundo têm acesso às suas contas a partir de qualquer lugar 24h por dia, 7 dias por semana. Contratámos a melhor empresa europeia de software nesta área para desenvolver o Portal de Cliente, a que demos o nome de Save & Grow. Este canal digital permite aos clientes abrir conta, consultar as posições, subscrever e resgatar (que esperamos não façam nos primeiros anos) e aceder às comunicações da equipa de gestão de investimentos.

Hoje contamos já com clientes cujos patrimónios vão dos 1000 a valores que ultrapassam os 20 milhões de euros. O fundo segue a mesma estratégia de investimento das carteiras individuais e está investido nas mesmas empresas.

Porque demorou quatro anos a ser aprovado?

Na verdade, o Fundo demorou apenas meses a ser aprovado. O que demorou quatro anos foi a aprovação da Casa de Investimentos como Sociedade Gestora de Organismos de Investimento Coletivo.

Para nós esta licença era importante para termos controlo sobre os custos de gestão de qualquer fundo que se decida criar. Para além disso, é também importante para o segmento de Clientes de patrimónios financeiros elevados com que trabalhamos. Caso estes decidam constituir um fundo fechado ou outros instrumentos, a Casa de Investimentos está licenciada pelo Regulador para prestar esse serviço e os apoiar, com custos muito sensatos.

Ainda assim, quatro anos é, de facto, muito tempo.

Qual a filosofia subjacente a este fundo e porquê a opção por 100% acções? 

A filosofia é de investimento em valor, focada na qualidade das empresas em que investimos. Gostamos de manter as coisas simples: comprar bons ativos a desconto é a melhor forma de proteger o património.

100% ações porque acreditamos que as ações foram a melhor classe de ativos para estar investido nos últimos 120 anos. Há muitos estudos que o comprovam por todo o mundo e não apenas para os Estados Unidos. Tudo leva a crer que, no futuro, isso se repita. As empresas são “organismos vivos” que, com o engenho humano e a evolução tecnológica, procuram alcançar lucros cada vez maiores prestando serviços e vendendo produtos que o mundo precisa para funcionar. É nesta classe de ativos que vemos maior alinhamento de interesses entre os gestores e os acionistas.

Privilegiamos o investimento em empresas com marcas fortes que sejamos capazes de perceber bem como operam os seus negócios e como geram riqueza. Procuramos que sejam as melhores do seu setor, que tenham vantagens competitivas duradouras.

Que acções privilegiam?

Privilegiamos o investimento em empresas com marcas fortes que sejamos capazes de perceber bem como operam os seus negócios e como geram riqueza. Procuramos que sejam as melhores do seu setor, que tenham vantagens competitivas duradouras que lhes permitam manter retornos nos capitais investidos acima da média. Gostamos que tenham capacidade de geração de Free Cash Flow elevado. Procuramos que sejam geridas por gestores capazes e com provas dadas a criar valor para os acionistas e com uma estratégia de longo prazo. Quando encontramos estes negócios a transacionar a preços atrativos, compramos e mantemos em carteira enquanto preservarem estas características que os distinguem e cotem em torno do seu valor intrínseco. Se os mercados nos cotarem um preço muito elevado, vendemos. Estamos sempre à procura de novas oportunidades para podermos estar preparados.

Quais as condições de adesão e de que beneficiam os Founders?

O Fundo iniciou-se a 1 de outubro com um conjunto muito pequeno de clientes. Eu sou a cliente número 1 e os quadros da Casa de Investimentos são subscritores do fundo. Quisemos testar todos os processos operacionais e garantir que nos preparávamos para prestar um serviço de primeira classe e assegurar aos novos clientes que trabalhamos com segurança.

Convidámos depois, em início de dezembro, todos os nossos clientes, para que pudessem ter acesso caso o desejassem, e ainda a uma longa lista de pessoas que muito estimamos e estiveram à espera anos para poderem ser clientes da Casa por não terem os 100 mil euros para investir de que falei.

Só no sábado passado anunciámos publicamente o lançamento do fundo e começámos a aceitar pedidos de convite de acesso à classe Founders do Fundo através da página saveandgrow.casadeinvestimentos.com. A classe Founders, conforme poderá ser visto no Prospeto do Fundo, tem previstos 1000 participantes. Ora, nas primeiras 24 horas após o anúncio, já tínhamos ultrapassado os 1000 pedidos de convite. Estes números superaram largamente as nossas expetativas. O que recomendamos às pessoas interessadas num convite é inscreverem-se e encaminharem o seu link de partilha a amigos, colegas de trabalho, familiares e, desta forma, subirem a sua posição no ranking para virem a conseguir estar entre os 1000 convidados a subscrever a classe Founders.

O nosso objetivo com os Founders é conseguir que nos ajudem nesta campanha de literacia financeira, num contexto de taxas de juro zero e em que muitos têm os seus valores investidos sem rendimento. Os próprios PPR têm rendimentos muito baixos e podem agora ser transferidos de qualquer instituição, sem custos e mantendo os privilégios e antiguidade.

Os clientes Founders têm, e terão sempre, a comissão mais baixa de entre as classes de retalho do Fundo e um conjunto de regalias especiais entre as quais o acesso às nossas Cartas Trimestrais que gozam de grande qualidade de informação sobre mercados e sobre a carteira de investimentos e decisões de gestão que tomamos.

Um dos mais reputados cientistas em estudos sobre os mercados financeiros mundiais é o Professor Elroy Dimson. No livro de que é co-autor, O Triunfo dos Otimistas, demonstra que, desde 1898, as ações, quando comparadas com imobiliário, obrigações, depósitos, são, por larga margem, o investimento com melhor retorno, independentemente da geografia estudada e onde incluem Portugal.

 

Define o investidor inteligente como optimista e paciente. Pode explicar?

Um dos mais reputados cientistas em estudos sobre os mercados financeiros mundiais é o Professor Elroy Dimson, que trouxemos a Portugal no final de 2017. No livro de que é co-autor, O Triunfo dos Otimistas, demonstram que, desde 1898, as ações, quando comparadas com imobiliário, obrigações, depósitos, são, por larga margem, o investimento com melhor retorno, independentemente da geografia estudada e onde incluem Portugal. Nesse livro defendem, “Triunfaram os otimistas, aqueles que acreditaram na capacidade do engenho humano e nos avanços tecnológicos e que permitiram conseguir ganhos de produtividade”. Hoje, nós temos o privilégio desse conhecimento.

Quanto ao paciente, esse é um ingrediente essencial. As ações são investimentos mais voláteis no curto prazo. Contudo, no longo prazo, a 5, 10 ou 20 anos, os retornos dos investidores, é muito semelhante aos resultados líquidos que essas empresas conseguiram ganhar para os seus acionistas. Por isso, basta escolher bem e ser paciente.

Desde a sua fundação, qual a rentabilidade média acumulada e anualizada da Casa de Investimentos? 

A rentabilidade acumulada é de 129,65%. A rentabilidade anualizada média é de 8,42%.

Qual o montante dos activos sob gestão?

Os ativos sob gestão são cerca de 150 milhões de euros.

Qual o impacto que a pandemia teve na atividade da Casa de Investimentos? 

Este é um negócio de confiança e, naturalmente, o facto de não poder haver reuniões presenciais dificultou chegar a novos clientes. Além disso, a incerteza quanto ao futuro, fez com que muitos tivessem receio em reforçar o investimento em ações. Não é fácil, através de um ecrã do computador, demonstrar que se é competente e sério e que acreditamos verdadeiramente no que dizemos e fazemos.

Para além disso, alguns clientes assustaram-se e venderam as carteiras de investimento e perderam esta recuperação. É natural que as pessoas tenham medo, esta foi uma crise muito diferente e sem precedentes. Nunca ninguém viu o mundo parar. Isto aconteceu com alguns clientes que estavam connosco há pouco tempo.

Em contraponto, março de 2020 foi o nosso melhor mês de sempre em reforços de contas, a corresponderem à recomendação que fizemos numa carta especial que escrevemos a clientes.

Depois de um 2019 com rentabilidades líquidas para clientes de quase 30%, 2020 fechámos com uma rentabilidade negativa nas contas dos clientes. Como parte da nossa remuneração é a comissão variável que depende da rentabilidade das carteiras, a faturação da Casa de Investimentos foi muito inferior. Sabemos bem que este é um mercado volátil e, por isso mesmo, gerimos a Casa com margem de segurança, mantendo capitais próprios muito elevados. Nos primeiros meses de 2020 havíamos procedido a um aumento do capital social para 2 milhões de euros.

Os tempos que atravessamos são difíceis. Mas são sempre difíceis: quando o mercado cai e tem boas oportunidades, as notícias na comunicação social são más e não investem. Esta é a melhor altura para investir.  Quando os mercados sobem, não investem porque estão caros. Muitos ficam foram do mercado anos à espera de entrar.

Como tranquilizaram os clientes em relação ao seu investimento nos tempos tumultuosos que atravessamos?

Somos muito transparentes na comunicação, assumimos quando erramos e cada vez erramos menos. Os nossos clientes sabem que temos genuinamente os seus interesses no coração e que o propósito da Casa de Investimentos é torná-los mais ricos a longo prazo, procurando sempre assumir riscos baixos.

As nossas comunicações são claras e demonstram a competência de toda a equipa e o conhecimento profundo dos negócios em que investimos. Os nossos clientes sabem que reforçámos a equipa de investimentos, a equipa operacional e os processos e a capacidade técnica e tecnológica.

Julgo que o mais importante é saberem que estamos comprometidos com o seu futuro financeiro e que temos os interesses alinhados. Sabem que não procuramos caminhos fáceis e que não nos escondemos quando mais precisam de nós: quando têm medo, quando os vieses comportamentais os testam e querem alterar o rumo. Não fazemos o que é confortável a cada momento. Procuramos fazer o que está certo porque sabemos assumir a responsabilidade de gerir o esforço do trabalho e da poupança.

Os tempos que atravessamos são difíceis, é verdade. Mas são sempre difíceis: quando o mercado cai e tem boas oportunidades, as notícias na comunicação social são más e não investem. Esta é a melhor altura para investir.  Quando os mercados sobem, não investem porque estão caros. Muitos ficam foram do mercado anos à espera de entrar.

Hoje, há excelentes oportunidades para aproveitar se decidirem ser investidores para cinco ou mais anos.

Os que querem ou precisam estar sempre certos e verem a sua carteira de investimentos subir todos os dias, esses sim, devem ter cuidado.

As contas de investimento em que as mulheres são co-titulares dos maridos, têm melhores rentabilidades porque, nesses casos, eles assumem menos riscos.

Na sua opinião, porque é que as mulheres são mais negligentes na gestão do seu património? Da sua observação, que consequências essa atitude pode ter?

Não é bem essa a minha experiência.

No livro Warren Buffett invests like a girl, LouAnn Lofton escreveu qualquer coisa como: “Tal como Buffett, as mulheres têm um temperamento mais calmo, uma perspetiva de mais longo prazo, as suas análises são mais profundas, transacionam menos e mantêm-se calmas em momentos de maior pressão”.

Há ainda estudos que demonstram que as contas de investimento em que as mulheres são co-titulares dos maridos, têm melhores rentabilidades porque, nesses casos, eles assumem menos riscos. A Fidelity tem aliás uma compilação de décadas de observações que o demonstra.

Possivelmente essa perceção pode derivar de, tradicionalmente, as mulheres deixarem esses assuntos financeiros mais para os homens. No entanto, hoje vemos cada vez mais as mulheres assumirem essas responsabilidades e os maridos a incluí-las nos processos de decisão.

Como gestora de dinheiro mas, sobretudo, como mulher e mãe de um rapaz e de uma menina, parece-me muito importante que se ensine desde tenra idade a lidar com o dinheiro, que se ensine sobre a importância de poupar, de ser disciplinado com o dinheiro e de ser capaz de fazer escolhas. Se perceberem desde cedo a vantagem de poupar, assim como alguns princípios simples do investimento seguro, estamos a preparar homens e mulheres para serem mais responsáveis por si e pelos outros, para serem mais capazes e mais livres para tomar decisões e construírem um futuro independente. Isso resultará também em serem mais felizes. Estou mesmo convencida disso e acredito que a educação financeira é também um motor de transformação para uma sociedade m

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Em entrevista ao JE, presidente da Casa de Investimentos diz que ter o dinheiro aplicado em depósitos a prazo é empobrecer, devido às baixas taxas de juro. “É garantido, mas é zero”, diz.

Vídeo da Entrevista

Emília Vieira, presidente da gestora de património Casa de Investimentos está a lançar o seu primeiro fundo PPR (plano de poupança reforma) que segue a filosofia de valor, que tem por base o investimento em ações, a longo prazo, seguindo premissas de investimento do investidor norte-americano Warren Buffet.

Nesta “Fast Talk” do JE, Emília Vieira explicita as características deste fundo, mas também sobre o atual momento dos mercados financeiros, enquadrados pelas consequências da crise pandémica que atravessamos, mas também por um período alargado de taxas de juro invulgarmente baixas.

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A celebrar uma década, a Casa de Investimentos, de Braga, lança o primeiro Fundo Plano de Poupança Reforma (PPR) 100% ações. Se, por um lado, o novo produto está na linha daquilo que é a essência da própria empresa, por outro, inaugura a intenção de democratizar o acesso ao investimento, na medida que pode ser subscrito a partir de mil euros. Na sua gestão de carteiras individuais só é possível investir a partir de 100 mil euros, embora a empresa conte com vários clientes detentores de poupanças acima de um milhão.

Desde "a fundação, a Casa de Investimentos privilegiou o investimento em ações". Emília Vieira, fundadora e CEO da empresa, afirma que estes investimentos feitos a "longo prazo" e nas "empresas certas" têm "risco baixo". "Investimos numa carteira de 25 a 30 grandes empresas mundiais, entre as quais, a Google e a Amazon, escolhidas pela sua capacidade de gerar valor para os acionistas."

"Avaliamos as empresas pelo seu desempenho nos últimos dez a 20 anos, pela riqueza que geraram para os acionistas e o rendimento que podem produzir no futuro. Avaliamos a qualidade do negócio de cada empresa, a equipa de gestão, a força do balanço e as vantagens competitivas", explica a gestora. A "diversificação por setores de atividade e por geografias" também pesa nos critérios de seleção.

Depois, o ganho dos clientes, consiste em "comprar quando as ações cotam a desconto face ao valor intrínseco", na lógica de "saber que o ativo em causa vale mais do que o que aquilo que está a ser pago por ele", seguindo a escola de Warren Buffett.

"Isto é conservador", assume Emília Vieira, explicando que "o rendimento do trabalho tem vindo a cair, mas o rendimento do capital tem aumentado, daí haver cada vez mais concentração da riqueza - mas é importante que cada um tenha a sua poupança". Sobre os investimentos em depósitos diz: "Isso é empobrecer para a inflação, não tem qualquer retorno", tal como as obrigações, onde considera que "existe a verdadeira bolha".

A comprovar a certeza e eficácia da estratégia seguida pela gestora de patrimónios, Emília Vieira argumenta com números: "A rentabilidade acumulada desde a fundação é de cerca de 130%, e a rentabilidade anualizada é de 8,43%."
Apesar da pandemia, março de 2020 foi "o melhor mês de sempre em termos de reforços das contas pelos clientes". No final do ano passado, "os ativos sob gestão totalizavam 133,6 milhões de euros mas, neste momento, são já 150 milhões". Além disso, em 2020, a empresa reforçou o capital para dois milhões de euros.

Para futuro, Emília Vieira está confiante com o novo produto, do qual é a cliente número 1, o Casa Global Value PPR. Apesar de só começar a ser comercializado online nos próximos dias, a fase de arranque já se iniciou em outubro, para testar a operacionalização. Foi o tempo suficiente para contar com a adesão de 350 clientes e uma rentabilidade de 28,3%, além de já ter acumulado "10 milhões de euros em ativos sob gestão, com um valor médio de 30 mil euros por conta". O acesso à classe founders está limitado a mil participantes e decorre até ao próximo dia 18 de abril.

Segundo a empresária, o cliente pode fazer reforços mensais a partir de 100 euros, mas o "horizonte temporal de investimento é de, pelo menos, cinco anos". Pode ser movimentado em qualquer momento, embora sujeito a tributação, que vai regredindo com o tempo.

Emília Vieira acredita que "a riqueza é o que permite uma pessoa aspirar a viver melhor " e que permite a "verdadeira independência financeira".

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Desde a sua criação que a Casa de Investimentos não esconde as suas influências. A filosofia de investimento, claramente ancorada na escola do value investing de Buffett e afins, reflete-se no processo de seleção de títulos, composição de carteiras e postura face aos eventos de mercado, mas também na forma de comunicar com os seus clientes. O recém-publicado Relatório e Contas de 2019 em muito se assemelha às famosas cartas anuais do “Oráculo do Omaha”, tanto em forma como em conteúdo.

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Jornal Económico, 22 Dezembro 2019
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A falta de poupança de hoje condena o nosso bem-estar financeiro
no futuro, disse a CEO da Casa de Investimentos, Emília Vieira, numa entrevista por escrito ao Jornal Económico. A gestora aborda os problemas que a baixa taxa de poupança atual que se regista em Portugal acarreta para as famílias e para a economia.

“Poupar não tem de ser complexo”, frisou a CEO da Casa de Investimentos, que privilegia o investimento em ações, numa lógica de (muito) longo-prazo, tendo em conta o valor intrínseco das empresas.

Emília Vieira defende que é crucial alterar os hábitos de poupança em
Portugal e dá a receita: a educação. “Os hábitos de poupança devem ser incutidos em idades precoces, realçando a vantagem de não usarmos no imediato todos os recursos à nossa disposição, mantendo a liberdade para tomarmos decisões no futuro”, explicou.

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Não somos investidores em tendências macroeconómicas nem estamos especialmente preocupados em prever como se vai comportar a economia A ou B. A prazo as notícias sobre as economias e sobre os mercados financeiros serão boas. Terão ciclos bons e maus e, por isso, o que procuramos é encontrar empresas excecionais, com vantagens competitivas duráveis, balanços sólidos para suportarem bem os períodos menos bons e saírem deles mais fortes e capazes de gerarem lucros acrescidos para os seus acionistas.

Devemos investir nos mercados financeiros como fazemos num imóvel, numa quinta ou num negócio que queremos criar. Olhar a 6 ou 12 meses não é investir. Investir é estarmos focados nos fundamentais das empresas que compõem o nosso portfólio e na sua capacidade de gerar lucros crescentes a prazo.

Estamos conscientes dos riscos macroeconómicos atuais e incorporamos esses riscos nas avaliações individuais dos negócios em que estamos investidos. No entanto, não definimos a nossa estratégia de investimento em função de tendências macroeconómicas, muito menos de curto prazo.

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Casa de Investimentos: as contas de 2018
Funds People, 31 Maio 2019
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Num Relatório e Contas que é uma verdadeira recensão de obras de literatura financeira, a Casa de Investimentos, gestora de patrimónios bracarense, não esconde o quanto 2018 foi um desafio, mas também não deixa de salientar o quanto 2019 tem premiado os clientes que mantiveram a confiança na sua capacidade de aplicação da filosofia de investimento value. “Com ganhos modestos até final de setembro, as cotações de mercado em  final do ano determinaram que este fosse o pior ano, para os nossos clientes e para nós, desde a fundação da Casa de Investimentos. Sabendo que é doloroso ver perdas — ainda que só potenciais — e o extrato de conta a ser marcado em baixo a cada mês, realçamos que as últimas semanas do ano foram extraordinariamente positivas para os nossos Clientes. Aproveitámos a forte correção dos mercados financeiros para adicionar às carteiras de investimentos alguns negócios extraordinários que aguardávamos há algum tempo e reforçámos outros já em carteira”, pode ler-se no relatório.

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Nova gestora de fundos no horizonte

No ano, a entidade gestora reforçou e reorganizou a casa no sentido de dar resposta às necessidades que os projetos futuros criaram, mas também para satisfazer os desafios regulatórios. “Continuamos a aguardar que os reguladores nos permitam iniciar a gestão de fundos de investimento. O nosso objetivo é poder disponibilizar à poupança mais pequena uma filosofia de valor que privilegie o investimento em ações e que contribua para que protejam melhor as suas poupanças e acumulem riqueza a longo prazo. É nosso desejo criar uma legião de investidores em valor que desde cedo se comprometam com a poupança e investimento a longo prazo. Neste processo, dando seguimento a imposições do Banco de Portugal, a Casa de Investimentos implementou as alterações necessárias na sua estrutura operacional para corresponder em pleno ao que nos foi exigido”, destaca a Casa de Investimentos. "Em paralelo com esta medida, e com o mesmo propósito, entendeu ainda contratar externamente a consultoria jurídica especializada necessária para a revisão global das políticas internas da Casa e a sua conformação com a DMIF II e a restante regulamentação em vigor".

No campo dos desafios, é destacado o peso da gestão passiva, em que os investidores "optam por investir em produtos que não fazem qualquer seleção dos ativos e se limitam a replicar índices globais ou setoriais". Este “é outro fenómeno que tem ganho peso nos mercados financeiros. Segundo a Morningstar, a gestão passiva já representava no final de 2017 cerca de 45% do mercado norte-americano. Os fundos assim geridos entram e saem no mercado puramente em função dos fluxos de liquidez dos seus investidores. Além do impacto que têm no mercado como um todo, afetam substancialmente os preços em setores ou temas específicos”.

Atividade em 2018

“No decorrer dos últimos 8 anos, este foi o único em que registamos um declínio dos ativos sob gestão, fruto da rentabilidade negativa do ano. Com certeza que esta não foi a evolução desejada, embora estejamos cientes de que faz parte do nosso negócio. O fator mais relevante a destacar foi o facto de o decréscimo ter sido inferior
 à rentabilidade do ano, evidenciando o facto de termos registado entradas líquidas de novas poupanças para gestão”, destacam da Casa de Investimentos", referem da entidade gestora.

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As comissões de gestão no exercício atingiram os 693 mil euros, registando uma queda de cerca de 20% face ao ano anterior. “Esta queda resultou da diminuição das comissões fixas, por força da diminuição dos ativos sob gestão e da diminuição da prestação de serviços de consultoria e pelo facto de não termos ganho comissão de performance”. Já do lado dos custos gerais e administrativos, estes diminuíram cerca de 22%. “Os custos do ano anterior foram anormalmente elevados, fruto da conferência O Triunfo dos Otimistas e a compra dos direitos de dois livros da Wiley: O Livro do Investimento em Valor, relançado no ano passado e O Livro de Investimento Comportamental, que será lançado durante 2019”, destacam. Os resultados líquidos recuaram cerca de 63%, para 71,5 mil euros.

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