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"Devemos investir nos mercados financeiros como fazemos num imóvel, numa quinta ou num negócio que queremos criar. Olhar a 6 ou 12 meses não é investir. Investir é estarmos focados nos fundamentais das empresas que compõem o nosso portfólio e na sua capacidade de gerar lucros crescentes a prazo.
Não somos investidores em tendências macroeconómicas nem estamos especialmente preocupados em prever como se vai comportar a economia A ou B. A prazo as notícias sobre as economias e sobre os mercados financeiros serão boas. Terão ciclos bons e maus e, por isso, o que procuramos é encontrar empresas excecionais, com vantagens competitivas duráveis, balanços sólidos para suportarem bem os períodos menos bons e saírem deles mais fortes e capazes de gerarem lucros acrescidos para os seus acionistas.
Devemos investir nos mercados financeiros como fazemos num imóvel, numa quinta ou num negócio que queremos criar. Olhar a 6 ou 12 meses não é investir. Investir é estarmos focados nos fundamentais das empresas que compõem o nosso portfólio e na sua capacidade de gerar lucros crescentes a prazo.
Estamos conscientes dos riscos macroeconómicos atuais e incorporamos esses riscos nas avaliações individuais dos negócios em que estamos investidos. No entanto, não definimos a nossa estratégia de investimento em função de tendências macroeconómicas, muito menos de curto prazo.
Para o segundo semestre não fazemos a menor ideia. A prazo sabemos que é o investimento em ações, como aliás o comprovam múltiplos estudos ao longo dos últimos 120 anos para todas as geografias, sem exceção.
É importante que os investidores o façam a longo prazo e que não tentem adivinhar quando entrar e sair do mercado. Não é possível fazê-lo com consistência, conforme vários investidores extraordinários o comprovaram. Ações são fatias de negócios que nos dão o direito aos lucros futuros. A melhor forma de investir é comprar esses lucros baratos. A maior vantagem que um investidor pode ter é um horizonte de investimento de longo prazo. A indústria financeira está focada no curto prazo para gerar comissões rápidas e pagar bónus extraordinários aos seus gestores. Infelizmente esse é o capitalismo dos gestores e não o dos donos como deveria de ser.
Atualmente os mercados imobiliários estão com as yields em mínimos, as obrigações de bom risco têm yields negativas. Em contraponto, os bons negócios ganham pelo menos o seu custo de capital. Hoje, grande parte das empresas europeias têm dividendos médios de 4% ao ano. As empresas não distribuem todos os seus lucros, retêm parte para reinvestir. Por isso, se conseguirmos comprar estes lucros a desconto e tivermos paciência, as rentabilidades a prazo serão muito satisfatórias.
Não fazemos "market timing" e não conhecemos ninguém que o faça com sucesso consistentemente. Monitorizamos permanentemente os riscos dos negócios que compõem a nossa carteira, esses sim relevantes para quem investe em negócios e está no mercado para o longo prazo.
A nossa estrela polar é o valor intrínseco dos negócios em que investimos e é com base na diferença entre quanto vale e quanto custa que compramos ou vendemos posições. Quando há notícias negativas sobre os títulos que temos em carteira ou que constam da nossa wish list, procuramos avaliar o impacto que têm no valor intrínseco dos negócios e se muda a nossa perspetiva de valor do título. No dia-a-dia, há muito “ruído” nos mercados financeiros e é importante distinguir o que é relevante e permanente do que é conjuntural ou irrelevante. Aproveitamos muitas vezes as más notícias para comprar negócios excecionais e que por norma transacionam com múltiplos elevados. Procuramos comprar a pessimistas para vender a otimistas. Com tempo, a cotação de mercado tenderá a refletir o justo valor da empresa.
Não estamos em condições de recomendar qualquer fundo porque para tal teríamos que analisar alguns indicadores (tais como: percurso/performance dos gestores, mandato de gestão, carteira atual, estrutura de custos, etc.) e não fazemos esse estudo de mercado de forma abrangente. No entanto, podemos recomendar aos investidores que efetuem esse estudo prévio e não se limitem a avaliar a performance recente dos fundos em que investem. Os fundos de investimento sofrem muitas vezes de falta de transparência, de excesso de diversificação e de custos excessivos. A Casa de Investimentos não recomenda fundos.
Posso adiantar que em breve lançaremos o nosso próprio fundo, que terá uma estratégia de investimento equivalente à gestão que fazemos em carteiras individuais. Seguirá naturalmente a filosofia de investimento em valor, terá um preçário justo e concentraremos o investimento num conjunto limitado de ações.