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Braga, 21 de novembro de 2013
Estimado Cliente,
Na sequência de vários contactos de Clientes a propósito da OPV dos CTT e da oportunidade e valor que esta proposta de investimento possa proporcionar, entendemos trazer ao conhecimento dos nossos estimados Clientes, através deste comunicado, a análise que fizemos da empresa e do negócio que lhe está subjacente.
Quando investimos os valores que confiam à nossa gestão, fazemo-lo tendo como regra número um a segurança do património e como regra número 2 a criação de valor para o futuro. O nosso método é muito simples:
Somos da opinião que um investidor consegue melhores resultados investindo em ações que já transaccionam no mercado do que nas ações novas resultantes de OPV´s. Isto acontece por duas razões: a primeira é que o vendedor que controla a empresa (que no caso dos CTT é o Estado) sabe muito mais sobre o activo que quer vender do que o público investidor e certamente no momento da venda realça os atributos positivos e ignora os negativos. A segunda razão é que num título que transacciona no mercado – que é governado pela loucura colectiva de tempos a tempos - o verdadeiro investidor consegue retornos mais elevados, uma vez que consegue identificar oportunidades de comprar uma ação substancialmente abaixo do seu valor ou vendê-la substancialmente acima do seu preço justo.
O Estado Português vai iniciar o processo de venda de 70% do capital social dos CTT, nos seguintes termos:
Período para a colocação das ordens: está a decorrer desde 19 de Novembro e termina dia 02 de dezembro.
Admissão à negociação: prevista para 5 de dezembro.
Preço: o intervalo para o preço das ações situa-se entre os 4,10 e os 5,52 euros por ação. O ponto médio deste intervalo de preços é de 4,81 euros. O intervalo de preços é bastante alargado: 35% entre o preço máximo e o mínimo.
As atividades dos CTT dividem-se pelos seguintes segmentos:
Os resultados esperados para 2013 são de 57,5 milhões de euros. Os capitais próprios são de 271 milhões de euros. Os CTT são uma empresa de resultados sustentáveis. O balanço da empresa é forte o que poderá dar margem para uma política de dividendos segura.
Considerando o intervalo de preços definido pelo Governo (entre os 4,10 e os 5,52 euros) e o facto de serem emitidas 150 milhões de ações, estes preços equivalem a uma avaliação da empresa entre os 615 milhões e os 828 milhões, com um ponto médio nos 721,5 milhões de euros.
Tendo em conta o ponto médio do intervalo de preços da OPV, o PER será de 12,55; ou seja, considerando que os CTT é uma empresa de resultados estáveis, o investidor precisa de 12 anos e meio para recuperar o seu investimento. O Valor Contabilístico (o chamado Price/Book) tendo em conta o preço médio do intervalo de preços da OPV é de 2,66 vezes os capitais próprios da empresa.
|
PER |
Price/Book |
Bpost (Correios Belgas) |
12 |
4,46 |
Royal Mail (Correios Ingleses) |
12,2 |
4 |
PostNL (Correios Holandeses) |
10,4 |
(*) |
CTT (Correios Portugueses) |
12,55 |
2,66 |
(*) A PostNL tem capitais próprios negativos pelo que, o cálculo desta medida não faz sentido.
Tendo em conta o perfil de geração de resultados dos CTT em comparação com as congéneres europeias, avaliamos os CTT entre os 700 e os 750 milhões de euros. Perante o largo intervalo de preços apresentado pelo governo e olhando para o ponto médio de avaliação, que corresponde aos 721,5 milhões de euros, esta empresa poderá vir para o mercado a um PER de 12,55.
Pelo exposto, esta operação dos CTT não nos oferece margem de segurança suficiente que nos permita ter conforto na valorização futura da empresa. Atendendo que a grande percentagem de vendas está no negócio tradicional do correio normal e que este é um negócio que está a decrescer, a avaliação que fazemos da empresa deve ser conservadora quanto à evolução futura.
No curto prazo não sabemos que comportamento é que as ações possam ter. O nosso trabalho neste, como em todos os investimentos que ponderamos, é fazer uma análise profunda dos fundamentais da empresa e no seu potencial de criação de riqueza para o futuro.
O facto de a empresa não ter histórico de empresa cotada e de ser uma emissão nova não nos permite também verificar muitas das características que procuramos nas empresas em que investimos: a alocação de resultados, a política de investimentos da empresa e a sua estabilidade em termos de eficiência e rentabilidade. Deste modo, esta será uma empresa a acompanhar no futuro. Os preços apresentados nesta oferta não são atrativos.
Congratulamo-nos, no entanto, por o Estado Português estar a fazer um bom negócio em nome dos seus contribuintes.
Com os melhores cumprimentos,
Emília O. Vieira Hugo Roque
Presidente do Conselho de Administração Director da Gestão de Ativos