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Manter o Rumo

“Tenha medo quando os outros são gananciosos e seja ganancioso quando os outros têm medo” 
- Warren Buffett 

 

Estimado Cliente,

As notícias sobre a evolução do surto de coronavírus estão a colocar os mercados financeiros em algum sobressalto, tendo-se verificado um aumento da volatilidade na cotação das ações nas últimas sessões.  

Não nos surpreenderia que este comportamento se repetisse ou mesmo prolongasse durante os próximos dias ou semanas. Não sabemos. Muito gostaríamos de conseguir antever os eventos futuros com precisão e exatidão, mas temos de admitir que não fazemos a mais pequena ideia de como se vão comportar os mercados financeiros daqui a uma semana, um mês, um ano ou dois.  

 

Uma das coisas que não sabemos é qual a dimensão que o surto pode atingir e a partir de quando ficará controlado, mas podemos pelo menos olhar retrospetivamente para o impacto temporário de fenómenos epidémicos anteriores (vd artigo  “Que efeito terá o coronavírus nos portfolios? da autoria Nick Maggiulli que destacámos recentemente no nosso blogue e na newsletter ”O Investidor Inteligente”). Se acreditarmos que o engenho humano será capaz de ultrapassar mais este desafio, também será razoável presumir que, uma vez restabelecida a normalidade, as pessoas não vão deixar de adquirir automóveis e telemóveis, consumir notícias e entretenimento, utilizar serviços digitais e viajar de avião e que “[...] a maior parte das maiores e melhores empresas do mundo continuarão a fixar novos records de lucros daqui a 3, 5 ou 10 anos e que os seus acionistas serão largamente recompensados” (excerto de Carta aos Clientes, 26 de agosto de 2015). 

Figura 1

Como já dissemos noutras ocasiões em que se verificaram períodos de elevada volatilidade, continuamos concentrados naquilo que acreditamos saber fazer melhor – “[...] procurar investimentos que [...] estejam baratos e tenham potencial de valorização. O nosso conforto é saber que estamos a comprar negócios que valem muito mais do que os preços a que transaccionam e que constituem a melhor aplicação a médio e longo prazo.” (excerto de Carta aos Clientes, 15 de janeiro de 2016). 

Nestes momentos, a serenidade é boa conselheira, pelo que recomendamos que se afaste do ruído diário dos mercados, de previsões apocalípticas e evite decisões de impulso. Quaisquer instruções precipitadas motivadas por receios, mais ou menos fundados, que conduzam a venda de posições e/ou retirada de liquidez da sua carteira vão gerar custos ineficientes, fazer desaproveitar momentos de saída melhores e limitar a nossa capacidade de aproveitar oportunidades de compra que possam surgir. “[...] Tentados a vender nas quedas de mercado, os investidores devem ponderar não apenas o que recebem em troca (a segurança da liquidez), mas também aquilo de que estão a desistir (um título substancialmente subavaliado que, emoções à parte, seria uma melhor compra que uma venda aos preços atuais) [...].” (excerto de Carta aos Clientes, 7 de novembro de 2018). 

A figura 1, acima, evidencia muitos episódios de incerteza desde a crise financeira de 2008 e que, para a maioria, constituíram momentos de venda. Para nós, investidores em valor, foram oportunidades para comprar a desconto ativos com grande qualidade que se vieram a traduzir em excelentes investimentos.

No seu próprio interesse, tal como no passado e ciente de quão recompensados têm sido os investidores que se mantêm firmes em momentos de desassosego, reitere a confiança no rigor e disciplina da nossa aproximação ao investimento e que, se possível, reforce os valores à nossa guarda. É que os melhores e mais inteligentes investidores aproveitam precisamente estes momentos para ir às compras (vd Fig.2 e entrevista de Warren Buffett, hoje de manhã à CNBC).

Figura 2

Manifestamos total disponibilidade para prestar os esclarecimentos que entender necessários. 

Com consideração, apresentamos os melhores cumprimentos,

Emília Vieira
Chairman & Chief Executive Officer